Diário do Elenco

Sem Titulo e sua contaminação entre os convidados e vice e versa.

Esta chegando a estreia do trabalho da Cia. Fragmento de Dança "Sem Titulo' que será realizada pelos convidados, e com o passar do tempo a evolução de cada um é nítida, cada um com os seus gestos e a individualidades.O que me fascina é que a coreografia é a mesma ,mas, as intenções em cada movimentação de cada um é diferenciada, fazendo com que possamos viajar e interpretar ou não de diversas maneiras.

Não devo e nem quero detalhar as particularidades de cada um, não quero contaminar o publico e gerar uma certa expectativa mas, posso através do texto especificar a minha visão do processo.

Ao meu ver imagino a construção desse processo, de uma maneira simples, vou simplificar, como um escultor que é dado a tarefa de fazer uma obra na qual seja o simbolo de cristo, se essa mesma tarefa for dada para mais três escultores teremos exatamente o mesmo simbolo, porém com a particularidade de cada um, detalhes e silhuetas nas quais somente serão deles.
Desta forma que vejo este processo o caminho foi dado, mas como o exemplo dos escultores temos três bailarinos com trajetórias  diferentes,  isso é o que chamo de tempero para as relação criação/interprete, não importa se a agressividade, suavidade, tempo e espaço sejam diferenciados, junto com tudo isso vem uma maturidade em que os convidados tem.E isso é uma parte  que imagino de como ser em cena, não importando se é um personagem ou se traz sua vida no palco,  isso é brilhante!.
Neste processo onde não é significativo ser iguais, mas, ser o que realmente é cada um com sua dança(ou pode-se interpretar como experiência de vida, maturidade).


Evidentemente que os detalhes podem ser amplos e confusos, mas o direcionamento também existe para  possibilitar um caminho melhor, respeitando o interprete, e isso acontece a todo momento.
Detalhes de sonoridade, figurino, dinâmica e sensações é muito considerado e valioso.Veremos uma grande troca de experiências no dia da estréia.

Poderia muito bem separar e falar de cada um, mas sinto que pode ser cedo demais e não quero gerar tais expectativas ao leitor, prefiro mexer com a curiosidade.Penso que a simplicidade é o melhor caminho para uma breve explicação do que penso.

Merda para  Roberto Alencar, Angela Nolf e Lavinia Bizzotto !

Danilo Firmo
09/02/2013

Talvez não seja uma reflexão exatamente para o trabalho, e sim algo mais pessoal que me chamou a atenção no  processo desse fim de semana.

As palavras em alguns momentos, me chegavam como diálogos solitários,  e não que o outro não respondesse de algum modo mas, o que cada um respondia ao outro era muito do que diria quase como se o outro nada tivesse dito, como se não passasse pela experiencia de estar, com o outro e ser levado. E me pergunto se há como passar de tal maneira tb, pq o pensamento que filtra e absorve escuta e executa, o faz  nas redes de seu controle... E então, os diálogos parecem estar a sós, chegando aos já conhecidos lugares. 
Por mais próximos que os corpos estivessem, eram dois muito bem separados.
Acho que
 o outro que digo pode se referir a qualquer um dos lugares. 
E é possível que este que esta ali tão junto nestes instantes, possa, deva causar uma invasão? E mexer completamente nessa rede do outro, permitindo, se fazendo  visto e sentido, contaminando ?

Não que eu não tenha percebido os diálogos corpo/voz que aconteceram, mas é que me chamou atenção estes momentos. 
Assistindo quando vi o inesperado, era algo descascado.
O que não significa que tenha ou não tenha sido ensaiado e premeditado, não esta aí o valor. Mas no quanto chegou honesto, o olhar, a palavra, o movimento quando aconteceu.
Sera que vem do quanto nós nos permitimos ser realmente vistos ?  Ou qdo somos pegos de surpresa?
Sendo mais permeável? Talvez possa vir de muitos lugares. 
Não tenho nada muito claro na verdade, é mais uma curiosidade interna como resposta ao que vi e  compartilhei. 

Ádia 10/12/2012

Quanto ao fato de ser manipulado pela sombra, ainda 
não experimentei. Mas posso dizer que ser sombra ou ainda manipular o outro está sendo bem interessante. Ontem estava refletindo sobre essa questão... E se esse corpo que está sendo manipulado fosse etéreo? E se ele realmente estivesse sem cabeça? Lembrei-me de algumas imagens de Ismael Nery artista plástico brasileiro chamadas:  Figura, Nós e a última que não tem título e que talvez se aproxime mais do que eu sinto quando sou sombra.Vou enviar por e-mail para que vocês possam compartilhar ou não do que sinto quando ensaio esse novo trabalho.

Urubatan - 20/ 11/ 2012


Pareço não estar completa, como se a pessoa que sai fosse um pedaço de mim.
Depois essa sensação passa, e nisso parece que vira outra coisa também. Ádia 18/11/2012



Um processo em paralelo
A Cia Fragmento tem experimentado antes o que será feito com os artistas convidados depois. Não só para de fato ver o que pode ou não "funcionar", mas porque considero a criação desse solo um trabalho da Companhia, uma pesquisa de todos que restará em um. Em uns. Também penso que a ideia de contaminação exige um coletivo e que fazer a dois o que será a um, pode trazer algo, um esvaziar, uma falta, uma dependência, ou, quem sabe, uma libertação, não sei...
O que sentem quando a sombra sai de cena? Alguém teria algo  a compartilhar sobre isso?
Vanessa 09/11/2012


Espetáculo "Nuvens Insetos" ontem...
Fazia um tempinho que a gente não apresentava esse espetáculo.  Nos ensaios eu não estava conseguindo retomar coisas que estavam 'no corpo' como antes. E é isso aí, cada espetáculo é um, o tempo é outro, as pessoas mudam, mas a busca continua... Bom, apesar disso eu (particularmente) gostei muito do espetáculo ontem. Achei a platéia incrível, senti  na maioria um olhar presente, uma coisa de troca mesmo. Com isso foi um daqueles dias em que comecei de um jeito e tudo foi fluindo, se transformando, ganhando força...ah, não sei explicar direito. Temos falado em nossas aulas sobre direcionar energia para o outro e acho que foi isso, tanto da platéia como da gente mesmo, mas confesso que a platéia me causou algo maior... Pra mim, ontem na cena o espetáculo se transformou, me senti diferente do que vinha ensaiando e gostei!...
Maitê - 05/11/2012


Para mim, essa experiência de pensar a voz não separada do corpo é tão óbvia quanto difícil. De tudo o que foi feito no treinamento esses dias me chamou atenção o fato do grupo ter que direcionar a energia para aquele que está com a "vez". Traz uma plenitude. Quando a Graziela citou o exemplo que alguém que está imóvel, observando a cena, permanece lá, enquanto o ator que está no foco repete o seu momento diversas vezes. Puxa.... é fo.. mesmo! Tem que ter um preparo muito grande. Mas achei o exemplo incrível, uma vez que estamos falando em contaminação, grupo, criar conexões. E, mais ainda, uma vez que esse mesmo grupo, de tempos em tempos se dissipa, e enfrenta crises mais ou menos dolorosas. E eu, que tenho tanta dificuldade (física mesmo) em ficar muito tempo numa mesma posição, ou em insistir na repetição, começo a perceber um novo caminho de sentir as coisas.

Vanessa 01/11/2012


sobre o figurino:


Essa é uma questão que me acompanha desde 2005, na faculdade, quando comecei a olhar pra esta parte, a que veste o espetáculo.E até hoje penso muito à respeito em qualquer espetáculo que eu assisto.Eu gosto de olhar pra roupa que veste o bailarino ou até a falta dela através de dois aspectos:1) estético e funcional:Ele pode ter uma proposta simplesmente estética, de compor visualmente o espetáculo e vestir o bailarino da melhor maneira que corresponda à proposta (é deixar o bailarino bonito? feio? assimétrico? valorizar seus potenciais físicos? ou valorizar seus movimentos seja ampliando-os, facilitando-os ou o contrário)2) "dramatúrgico" (aspas porque eu não sei se essa é a melhor palavra):O figurino, assim como os demais elementos do espetáculo (trilha, luz, cenário) deve compor o "texto" a ser dançado. Seja pelo viés objetivo, de  claramente compor um personagem, por exemplo, ou pelo subjetivo, que através do abstrato também compõe sensações.Eu particularmente gosto quando o figurino é uma extensão do corpo do bailarino, valorizando suas qualidades físicas, dando acabamento pros movimentos  e  impossibilitando a perda de qualidade da execução destes (como ja aconteceu comigo em outros carnavais...). em outras palavras, o figurino não deve de maneira alguma atrapalhar o bailarino ou desvalorizar seu corpo.Assim penso eu. Idem para a falta do figurino.quando a questão é "dramatúrgica" eu reflito e nunca chego à muitas conclusões. Na maioria dos espetáculos que assisto eu tenho a impressão de que o figurino é a última coisa a ser pensada e que o processo de criação dele é separado, enquanto luz e som ja são criados juntamente com as cenas. e eu me pergunto: por quê?O figurino é o que veste o espetáculo, é tão visual quanto os movimentos...e ele pode finalizar a cena pro bem  e pro mal. Ta todo mundo vendo que pano esta cobrindo a pessoa que dança.No caso da Cia Fragmento, a minha questão é sobre a semelhança de composições "figurinísticas" entre os espetáculos, com o predomínio de roupas sociais e de gênero, a bota e a renda...Acho que não li nenhum dos livros que serviram de inspiração para as criações, o que provavelmente me esclareceria algumas dessas perguntas.Mas gosto de pensar o figurino...gosto de cortes, de panos e de ver como o corpo se desenha dentro dele. 

Samira Marana - 30/10/2012

O que posso dizer desses dois dias de encontros com Lavinia, Angela e Beto? Que experiência boa! Sempre algo a aprender, a ensinar. Meu olhar foi contaminado várias vezes por eles, por vezes me peguei observando, atraída pelos movimentos, pelas pausas, gestos cotidianos ou até mesmo só pela energia de cada um. Meu corpo também foi contaminado, conheceu outros caminhos, outras possibilidades...
Maitê - 29/10/12


...Escrevi há algum tempo. Pensei em publicar. Pensei em não publicar. aí esta:
Frida Kahlo e Tracey Emin, duas artistas que já foram fonte de inspiração para a cia fragmento, tem em comum o fato de suas obras revelarem explicitamente situações de suas vidas. E essa conexão entre vida e obra muito interessa à pesquisa que a cia desenvolve. Dias desses falei que minha vida e meu trabalho artístico poderiam ser separados como dois universos distintos. Estava enganada. Hoje acredito que minha dança é a minha vida no sentido de que não tenho como deixar uma felicidade ou uma tristeza do lado de fora da porta do teatro. Mesmo tendo uma partitura de movimentos que não foi criada por mim, tenho lá meu depoimento. Meus equilíbrios e meus desequilíbrios, meu olhar marejado ou bem seco, o tônus muscular intenso ou suave são resultado não somente de tudo que estudei  mas do que sinto e do que sou.
Jessica

Recebemos a Lavinia de quinta a domingo (25 a 28/10). Foram 3 encontros, sendo um apenas com ela e os outros dois com ela, o Beto e a Angela. Foi a primeira oportunidade de encontros mais demorados, e isso parece ter feito diferença. A ideia de ser contaminado por aquele que chega, de fato, é real. Eu senti que transitamos entre várias energias, as qualidades e formas de se mexer eram (são) claramente diferente entre os nossos 3 convidados. Corpo/ausência, corpo/sem cabeça, corpo/desconstruído, corpo/espasmo, corpo/sem pertencimento, algumas imagens estão nascendo. A ideia de um corpo/sombra que ocupa um corpo/entregue parece ser um caminho possível. A ideia de construir um solo a partir de possibilidades em duo faz com que nossa presença seja tão essencial quanto será nossa ausência, interessante....
vanessa 28/10/2012

Terça-feira, 23 de outubro. Primeiro encontro com Beto. Depois da aula, seguimos para o exercício da contaminação. Senti que algo diferente se instaurou, acho que muitos compartilharam desse sentimento. Acredito que tenha sido um pouco pela presença do Beto, do modo como ele propõe. A primeira mudança para mim foi de espaço e direção dos corpos, o exercício começou regrado, mas as regras foram quebradas naturalmente, sem uma imposição externa. Logo na primeira parte passamos a observar com os nossos corpos não exatamente numa mesma direção, tão pouco atrás do líder, isso nos levou a uma contaminação de estado, em detrimento à cópia do movimento, como comentamos no bate papo final. Outra coisa que me deixou com uma sensação muito positiva foi o final do exercício. Estávamos sentados, em posição de alerta, encostados na parede... eu joguei a blusa para o centro da sala, em seguida a Jéssica jogou sua meia, e a Maitê seu anel... daí todos foram jogando algo e virou um grande jogo de compartilhamento. Senti algo vibrante, em tempo real sendo construído com espontaneidade e de fato contaminando.
vanessa

sábado dia 20, segundo encontro com Angela Nolf... aula juntos. Só para registrar o caminho.
Hoje, 21 de outubro, penso: do que somos feitos? Que espécie é essa, o ser humano?
Vanessa

O que eu vejo, estando dentro do espetáculo "Ecos"?
O corpo se faz igual quando não há desejo, não há vontade.
É por esta frase que muitas vezes me pego indagando quando penso no meu papel em Ecos, um espetáculo que por si só são muitas vozes, vozes passadas, que insistem em ainda gritar, no nosso tempo presente.

Quando eu cheguei, o espaço me disse que já era antigo, que entre abraços ou o toque de lábios já há muito havia se dito. Não quis dizer nada, quis experimentar. Eu quis deixar que essas vozes passadas (e presentes) passassem pelo meu corpo, me inundando de movimentos que outros já fizeram.
As máscaras me obrigaram a não sentir, a me isolar, mal sabendo que me isolando já estava sentindo, afinal, minhas mãos falam por si só.  Enquanto minha máscara me obriga a ser igual, minhas mãos gritam. Gritam pela despedida e pela vontade de viver ao vento.

Se me proponho a me expor, é sinal que não espero elogios, não espero coisas belas. Vejo que voltando ao que poderia ter sido me encontro nos braços do outro, num eterno e infinito caminhar.
Meu corpo em movimento, diz que os elementos se fizeram vir à tona: a água, representando vida, o próprio suspiro da alma; a terra, trazendo seu rastejar de bicho, e ao mesmo tempo, sua visão turva e opaca do que a terra traz; o fogo, enquanto desejo, aparentemente frágil, mas intenso quando percebido; o vento, como uma revoada de insetos, sem som mas dizendo muito... Ecos, me trouxe sensações de um revisitar, eu não havia vivenciado, toda a obra da companhia, mas compreendo que já pertencia a essas arestas biográficas.

Pelo jeito, essa eterna busca essa necessidade social e sexual, por mais que a vontade seja o outro, estaremos sempre nos deparando com nossas incertezas e solidões. Entre um homem e uma mulher, entre ambos os sexos, não importa, no fim o que desejo é que meu corpo seja desejado, mesmo que sozinho... pelos olhos do outro.
E é por isso, que quando não há vontade, não há desejo, pareço ser apenas mais um, um número, alguém que foi criado em vão.

Chico Rosa - 19/10/2012




Escrever sobre si e sobre o que se está vivendo é bastante difícil, principalmente se tratando do próprio ofício. Começo então por esses quatro meses em que estou atuando como intérprete na Fragmento Cia de Dança, onde tenho vivenciado muitas experiências seja atuando ou durante a preparação física, aulas ministradas pelos profissionais que passam pela companhia.
Enquanto intérprete ainda há muito que caminhar, visto a dificuldade de me aproximar da linguagem da companhia, algo que me deixa inquieto e às vezes confuso. Nas duas últimas semanas, aconteceu algo que me deixou bastante feliz nos espetáculos e que vem se repetindo a cada final de semana. Estou me sentindo inteiro! Isso mesmo a palavra é inteiro, de estar presente não só enquanto corpo, mas como energia. Talvez como execução de movimento ainda esteja um pouco distante do que posso chamar de ideal, mas penso que estou construindo aos poucos esse caminho.
Atualmente estamos em um novo processo, trabalhando com três profissionais distintos onde a proposta é
apropriação da linguagem da companhia e como isso pode reverberar na própria pesquisa. O primeiro encontro foi com Angela Nolf onde tivemos a oportunidade de compartilhar um pouco do nosso trabalho, e com ela continuamos com o exercício cênico para descobrirmos juntos algumas premissas que achamos necessárias para uma conexão maior entre nós. Para mim duas premissas importantes para que essa conexão aconteça são:
a) Enquanto anda, observe, toque o outro com o olhar;

b) Se tiver vontade deixe que o sorriso aconteça.

Pensando em tudo isso que está acontecendo, começo a refletir e a tentar me imaginar nas questões que envolvem o intérprete, pesquisa e apropriação, tentando conceituar cada um deles para que as coisas comecem a ser elucidadas em minha mente. Bastante complicado, mas é algo que não vai acontecer de uma hora para outra...Urubatan 17/10/2012




Contaminação, às vezes, também me lembra doença. E é isso que me faz gostar tanto do nome - a possibilidade dele ser/dizer várias coisas. O que pode acontecer com as palavras, dependendo do lugar em que estão, é mágico.


Nosso amor, contaminado de eternidade. (Fernando Pessoa)
A sua risada nervosa contamina o ambiente. Deram asas a cobra e a cobra voô e continua voando espalhando seu veneno. Agora chegou o seu momento... (Chico Buarque)


Contaminei-me de ti
 Veneno bom
 Doce, suave
 Sem cura
 Sem jeito

Mas, vamos discutir esse nome, isso me interessa
Vanessa 12/10/2012




Ontem voltando para casa, fiquei pensando... Com o que tenho envolvido as pessoas ao meu redor ? Com o que as tenho contaminado ?
E que, como é uma teia. Quase invisível. E tão potente. Ádia - 12/10/2012

Tem uma coisa que me incomoda no exercício  que a fragmento vem praticando intitulado "contaminação", e é justamente o título, sei que é uma coisa bem pessoal, talvez uma bobagem de minha parte implicar justo com o nome do exercício ! Mas pra mim "contaminar"não é uma boa palavra. Quando penso em contaminação parece que associo a doença sabe, algo que me agarrou sem eu querer, algo em que a vontade é unilateral. Talvez um bom título pudesse ser algo como "envolver" essa sim me traz certo aconchego, me coloca em um lugar onde a vontade está no ar, é de ninguem e ao mesmo tempo de todos, é como se pudesse dispensar um chamado, um convite, é envolvimento. Jessica - 12/10/2012


A observação...
A observação detalhada. O olhar que busca coisas que contaminam, que acrescentam ou até mesmo não servem, que não são.... Gosto de observar. E gosto ainda mais quando meu olhar é contaminado naturalmente, quando me pego observando sem querer, quando não era a proposta do momento, sabe? Maitê 11/10/2012

Estudos dramatúrgicos- primeiro encontro em 10/10/2012
Hoje recebemos Angela Nolf. Ela fez aula conosco e depois seguimos para o exercício da contaminação com algumas regras mais estabelecidas. Um corpo que tem outras referências aberto a receber novas informações. Muito bom tê-la conosco e perceber a sua disponibilidade e dedicação em tudo o que faz. Um exemplo. Uma possibilidade de contaminação. Hoje pensei, entre tantas coisas: Pelo o que me contamino?
Vanessa - 10/10/2012


Nossa, que difícil...que difícil essa coisa de "contaminação"...Pra mim, primeiramente a contaminação começa a partir de um mínimo interesse que algo ou alguém desperta em mim...que me faça querer, me faça estar, me faça pensar...Se isso acontece, me contamino até sozinha, crio meu 'espaço' mesmo que não estejam todos nesse mesmo lugar...Agora falando do todo, realmente não é fácil contaminar todos igualmente..e ok! A questão é estar disposto, disposto a estar no lugar que escolheu...disposto a ser minimamente contaminado!

Maitê Molnar - 02/10/12



Premissas para o exercício da contaminação:

4º O olhar deve ser importante, mas, não constante

5º Estar sujeito a seguir as regras tendo a ousadia de quebra-las

6º Estar disposto a interagir com as devidas propostas dadas pelos colegas de trabalho



A contaminação se refere ao um esta de espirito, ser, querer, se doar, vestir a ideologia e o PRINCIPAL acreditar naquilo que esta fazendo é estar cegamente e disposto a ERRAR a ser a entender, é a unificação de uma massa....é estar juntos, também me pergunto que dança é essa onde a participação é mais que INFIMA. Não temos que instigar a vontade de que as idéias sejam expostas isso vem de cada um, e isso vem da disponibilidade e o quanto se quer fazer isso!!!!!

DANILO FIRMO 02/10/2012


O que é necessário para contaminar? Se aqui não fomos contaminados, se a participação é infima, se não conseguimos instigar no outro a vontade de colocar suas ideias. O QUE É PRECISO PARA CONTAMINAR? Pesquisa pressupõe refletir sobre.... Que dança é essa??????????
Vanessa em 01/10/2012

Premissas para o exercício da contaminação:

3° A atenção com o espaço e com o outro, é importante na caminhada
4° A ansiedade atrapalha

Maitê em 28/09/2012


Hoje propus um exercício que chamaremos de "exercício da contaminação". A ideia é caminharmos juntos até que alguém sinalize que vai propor algo. A partir deste proposta todos o acompanham e um vai transmitindo ao outro o que está vendo e sentindo, para que o grupo todo faça junto a mesma proposta. Agora vamos encontrar premissas para o exercício.
1° A caminhada NÃO é um intervalo, ela faz parte do exercício tanto quanto as propostas que se seguem a ela.
2° As propostas NÃO devem ser premeditadas

Cada um pode seguir postando as próximas.
Vanessa em 19/09/2012

Esses dias entrevistei o Alejandro (faz parte do meu projeto de doutorado). Ele me falou que esse novo trabalho é sobre "estar junto", também me falou que, neste momento, não está dando aulas para a Cia, "cada um se vira e agente começa.... 45 minutinhos".  Tenho feito várias entrevistas sobre esses vários métodos de muitos artistas. Acho que o tempo nos ajuda (ou pelo menos deveria) a absorver a precisosidade de cada um dos possíveis encontros diários. Para mim, por exemplo, qualquer dia de trabalho é um "exercitar estar junto", mesmo sem aula. Não sei se dá para entender. Aquele momento em que eu divido aquele espaço é um momento de criar conexões. Isso muito para além da "técnica" proposta. Às vezes é difícil? Sim, quase sempre. Mas penso em observar e aprender com qualquer mínima ação que o outro possa propor e que seja interessante. O outro "professor" e o outro "colega de trabalho". Porque fui entendendo que a minha necessidade pessoal não pode estar em constante atrito com a necessidade do grupo. Só que pela natureza do indivíduo, sempre estará. Então, é um jogo de equilíbrio, de generosidade e até mesmo, de bom humor.  Difícil mesmo. Mas ainda aposto que o mais importante é a vontade permanente de melhorar, e o papel de quem está à frente, às vezes, é duríssimo. Um papel de manter as pessoas a fim de fazer, a fim de querer. E é a danada da "troca".
vanessa 16/09/2012

Sempre refleti e questionei muito sobre a aula de preparo técnico que realizo antes de um ensaio. por vários momentos tive desconforto nas diferentes  aulas  que a cia  já fez  antes de ensaiar ou dançar. ultimamente pensei que esse papo não tem fim mesmo, e que não tem muito jeito. cada  obra do repertório da companhia demanda, na minha opinião, necessidades técnicas diferentes .daí a coisa complica quando temos que ensaiar espetáculos diferentes, complica ainda mais quando penso nas  necessidades técnicas de cada indivíduo do grupo  e piora de vez quando olho para o estado do corpo em uma semana ou dia especifico. como tudo parece não ter mta resolução,  recentemente olhei para as nossas aulas por outro ângulo. graças a verba  que dispomos para este projeto, a cia tem recebido diversos professores convidados para auxiliar no nosso preparo técnico corporal. daí  aprendi mto com eles.coisas q são além dos elementos técnicos q precisamos praticar diariamente.aprendi com o Alex Soares, por exemplo, que não há nada mais precioso que o instante em que se dança.se a mente se distrai , vai longe, tudo escapa,já foi...  vc não perdeu somente a chance de realizar um belo movimento, perdeu a chance de desfrutar a dança.com o Lourenço Homem  aprendi que repetir é investigar com profundidade o novo.com o Rodrigo Vieira aprendi sobre generosidade. quanta generosidade como artista, professor, colega de profissão, coisa de mestre mesmo.me emocionou mto...obrigada a todos professores... a inspiração está sempre na nossa frente, tem dias que a gente simplesmente não vê mesmo.

Postado por Jessica Moretto em 16/09/2012




Um relato sobre estar em temporada...e pensar o público

Para quem fazemos? O que esperamos? Comunicar? Compartilhar? Extravasar? A proposta neste projeto (de fomento à dança) é  ficarmos 8 semanas em cartaz, sextas e sábados, no Kasulo espaço de Cultura e Arte. Serão 16 espetáculos, e não é tanto assim. Mas para dança sim. Não temos espaço, verba, pauta, tradição de ficar em cartaz. Na verdade, é uma proposta de experiência, muito além do número de espetáculos. A experiência de lidar com a transformação e amadurecimento que acontecem durante a cena, e não apenas em ensaios. A experiência da repetição. O treino do estar vivo, reinventar-nos internamente e externamente na cena, e na vida. A experiência de um dia termos e outro dia não termos público... E como isso funciona dentro de cada um? Como nosso corpo reage e o quanto de energia nos é necessário? Além de experenciar, um exercício de pensar a respeito. Que público é esse? Por que ações, públicas e privadas estamos efetivamente lutando para contribuir com a existência desse público. É ou não nosso papel, enquanto artistas? Eu defendo que sim. Apesar do investimento em mídia paga ( 8 tijolos na ilustrada), além do investimento em assessoria de imprensa e das parcerias pleiteadas com projetos e outras mídias, ontem tinham 8 pessoas no Kasulo, contando com a produtora, os operadores e os que são da casa. Hoje? Não sabemos... Mas espero sim, mais uma experiência de reflexão, de posicionamento. Uma experiência de olhar o mundo e diante dele se fazer existir em permanente questionamento. De que olhar olho, para quem olho, com que olhos eu olho.
vanessa, 15/09/2012

Estive pensando sobre a vida do artista. Sobre Tracey, sobre Virginia, sobre mim...Observo como a vida flui entre a interdependência.
Durante  parte do espetáculo Ecos permaneço do lado de fora da cena, na platéia. Tenho sentido o  publico dançar em seu silencio. A máscara que uso do inicio ao fim, ao mesmo tempo que por vezes parece sufocar, também protege. Trancada dentro de si mesma, presa as próprias emoções. Ora prisão, ora refúgio.
As vezes conto minha própria experiencia, as vezes de Olga Benario e tantos outros(as).
As vezes, a pessoa que se encontra ao meu lado aceita ser levada pelo movimento que proponho, outras não. As vezes não há ninguém ao lado. E volto a pensar na vida, e em como ela flui...

Postado por Ádia Freitas 14/09/2012



Postei um manifesto da Marina Abramovic,
algo pode interessar... pensei nela imaginando o exercício de "ESTAR PARADO", imóvel e vivo, pensando em suas performances duradouras. Podem pesquisar a respeito, para quem não conhece tem coisas incríveis. Para nós, em cena, e em vida, uma reflexão sobre pausar, andar, olhar, respirar, focar, decidir, investigar.
vanessa 13/09/2012


É o momento de mais uma estreia. ECOS... Penso no quanto temos a dizer e no espaço que nos é dado e percebido para o que devemos, ou necessitamos, dizer. Esse espetáculo foi feito há um ano e ele reúne trechos que considero importantes nas criações anteriores da Cia, mas é muito mais que isso. Pensando agora, não é uma seleção de cenas, são questões. Questões que reincidem. É a minha imagem, diante de mim, e do outro. O que tenho a dizer. Sou eu, no meio de tantos. Mas, simplesmente, infinitamente, só.

O tempo todo Estou tentando me defender Digam o que disserem O mal do século é a solidão Cada um de nós imerso em suaprópria arrogância Esperando por um pouco de afeição” legião urbana
Postado por Vanessa Macedo 04/09/2012


De certa maneira é comovente a cada dia rotineiro de aula e ensaio (ao pensar de um medíocre, não que a palavra medíocre seja ruim), mas, tento e faço com que a cada dia seja um diferente tentar observar em pequenos detalhes gestuais e pessoais, a cada tempo passado em uma aula e ensaio é primordial o aproveitamento pois quando não faço isso me sinto mal.

Faltando menos de um mês para a estréia de "Ecos" no kasulo entro em diversas "paranoias" boas nas quais acredito ser uma alavanca para o bom desempenho, afinal será dois meses de apresentações tendo espetaculos paralelos na semana, e um  com Beije minha alma e duas apresentações de Ecos em lugares diferentes fora o kasulo.

Beije Minha Alma não sei explicar tal a sensação mas ao desenvolver dos depoimentos creio que posso chegar ao menos ao inicio.......

Acho difícil mas um grande desafio trabalhar com a Auto - Direção, tento fazer disso uma maneira para o amadurecimento.....
Nunca estar no mesmo estado é essa a sensação que ultimamente me vem nos últimos ensaios....


Danilo Firmo


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Um comentário:

  1. eu tb esqueci, mas vamos sempre colocar a data da postagem ao lado... outra coisa, postei ontem à noite o manifesto da Abramovic, como a àdia fez nova postagem hj, é preciso clicar nas postagem antigas. bjos
    vanessa

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